este formato frankstein é o antídoto da ingenuidade de quem achou que conseguiria escrever uma newsletter semanal como hobby. escrever e editar são parte do meu trabalho, e atividade que não paga boleto, uma hora ou outra, vai para o fim da fila.
o Fail é uma lista incoerente, que retoma temas que me perseguem, na qual você pode encontrar algo talvez útil, talvez interessante.
na última semana, não tivemos newsletter por motivo de: puerpério de mãe de pet, paixão, dor crônica e capitalismo neoliberal.
este é o amontoado do fracasso da última semana.
*
1.
Às vezes pareço disco riscado, mas a real é que é cada vez mais difícil confiar em startups financiadas por investidores de risco.
Esse é um fragmento de um texto de Rodrigo Ghedin sobre os passos que o Substack têm dado na direção de uma lógica falida de rede social.
Mas o que eu queria indicar mesmo era este breve artigo da Superintessante, de Bruno Vaiano, no qual ele desenha de forma bem didática o triste fim do Facebook (e de todas as plataformas de lógica similar que, cedo ou tarde, vão ter o mesmo desfecho).
2.
Eu gosto de inventar marcos, datas, eventos que estabeleçam uma mudança de fase, de temporada, desse longo e amorfo material chamado vida. Ao contrário de quem, por exemplo, trata o dia 31 de dezembro como só mais uma data, para mim é sempre um dia melancólico, uma porta, que atravesso extremamente cansada e sem humor para celebrações, agarrada a um planner ou agenda do ano seguinte. Ano novo astrológico? Uma porta. Meu aniversário? Mais uma porta. Projetos encerrados? Outras, e outras.
Fazia tempo que eu não tinha férias, quando veio a do último mês, e na esquemática da nova temporada (que começou quando decidi vir morar só, depois de três anos dividindo apartamento com uma amiga querida), eu sabia que as coisas iam mudar. Porta. Porque eu já vinha cultivando o plano de adotar uma cachorra, fêmea, adulta. Só que, longa história, foram duas a cair no meu colo, e antes que eu pudesse chegar na clínica para castrar a única que ainda não havia sido submetida ao procedimento, ela já estava no cio. Geniosa, choramingando por causa de macho no meio da rua, muito parecida com a mãe.
A mais velha, já castrada, teve que fazer exame de leishmaniose, pois a veterinária estranhou alguns de seus traços, como as unhas que estavam muito longas. Deu negativo, ufa, mas, ainda assim, uma montanha de medicações para outros probleminhas de saúde.
Eu já mencionei que nunca cuidei de cachorro, né? E a minha mãe adora repetir: ah, mas são as melhores companhias. Você ficava muito sozinha.
Só que eu não decidi adotar cachorros por falta de companhia e o que mais me faz falta é ficar sozinha. Outra longa história.
3.
Nessa nova fase, eu também comecei a beber café. Eu não tomava café. Nunca. Tanto quanto nunca cuidei de cachorro. Vivia, com frequência, o diálogo nonsense com amigos de longa data: “mas como tu não toma café?”, “eu não sei, eu só não tomo café”. Um dos meus preferidos terminou assim: “coitada”. Com algumas pessoas, eu tive esse mesmo diálogo muitas vezes.
E agora acabou. Agora eu tomo café. Essa semana mandei a seguinte foto com a seguinte mensagem para o meu sócio (que se diverte com o quanto eu gosto de usar a palavra sócio):
E tudo isso para falar do projeto CaféDiPreto, uma iniciativa que busca difundir marcas de café feitas por pequenos produtores negros de Minas Gerais. Vai um cafézinho com representatividade?
4.
Possivelmente a música mais escutada do ano (por mim) até agora.
5.
Já o vibes em análise virou meu podcast das caminhadas neste primeiro semestre. E o episódio ‘dilemas da alimentação’ faz um percurso sobre nossa relação com a comida, os transtornos envolvendo-as e o modo como os conteúdos digitais diversos vêm impulsionando o adoecimento mental relacionado aos hábitos alimentares:
6.
Essa imagem de lixo têxtil depositado no Deserto do Atacama me lembrou do Índice de Transparência da Moda, sobre o qual falei na EFL #3.
7.
Três leituras estacionadas: a) O que deu para fazer em matéria de amor, de Elvira Vigna (Companhia das Letras) ; b) Morra, amor, de Ariana Harwicz (Instante); c) O design como storytelling, de Ellen Lupton (Olhares).
8.
E o último filme visto, ainda ontem à noite, no Prime Video.
Até terça.
Vamos acreditar.
eu adoro esse modelo frankenstein, fragmentos, compilados de belezas. semanalmente assim já é muito sucesso. E chega batendo nos marcos, até aniversário de defesa de tese eu comemorei. kkkk coisa de carangueja? cheiro!